Fico admirada como as pessoas só sabem reclamar ajudar que é bom nada.E mais fácil reclamar do que fazer algo não e mesmo???Quanta ignorância animais são melhores do que muita gente por ai....Em vez de reclamarem adotem!!!!!Adotar é um ato de amor....
De todas as espécies a humana é a mais detestável. Pois o Homem é o único ser que inflige dor por esporte, sabendo que está causando dor. (M.Twain)
sábado, 21 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
Procura-se um papagaio urgente dona com depressão SP
BOM DIA AMIGOS E AMIGAS VENHO AQUI FAZER UM APELO.MINHA MÃE TEM UM PAPAGAIO CHAMADO BRAD,ELE DESDE PEQUENO FOI CRIADO SOLTO EM CASA,ONTEM(14/05/2011) ELE SE ASSUSTOU COM MINHA MÃE MEXENDO NA CORTINA E ELE FUGIU PELA JANELA.MINHA MÃE ESTA DESESPERADA NÃO DORME DESDE ONTEM E NEM COME SO CHORA.ELA SEMPRE CUIDOU MUITO BEM DELE PEGOU ELE NOVINHO E FRÁGIL DE SAÚDE CUIDOU DELE TODAS AS VEZES QUE ELE FICOU DOENTE E MESMO SEM CONDIÇÕES FINANCEIRAS,ELA CHEGOU A VENDER MOVEIS DE CASA COMO POR EX O JOGO DE SOFÁ DELA PARA PAGAR O TRATAMENTO VETERINÁRIO DELE QUE FICOU POR 3 MESES SEGUIDOS EM TRATAMENTO QUE LHE CUSTOU QUASE MIL REAIS,AGORA RECENTEMENTE ELE HAVIA FICADO NOVAMENTE DOENTE E MINHA MÃE NOVAMENTE PAGOU UM TRATAMENTO A ELE QUE DESSA VEZ CUSTOU R$500,00 QUE ELA ESTA AINDA DEVENDO AO VETERINÁRIO,ELA SEMPRE FEZ DE TUDO PELO PAPAGAIO QUE AGORA SUMIU NAS REDONDEZAS DE ONDE ELA MORA
já foi encontrado graças a Deus
sexta-feira, 13 de maio de 2011
34 eventos de adoção de cães e gatos (até 15 de maio)
Agenda de Eventos de Adoção
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34 eventos de adoção de cães e gatos (até 15 de maio)
O Olhar Animal publica semanalmente uma relação de eventos de adoção que ocorrem em vários pontos do país. Adote! Divulgue!
Distrito Federal
14/05 Feira de Adoção SVPI - Asa Norte - Brasília DF
Minas Gerais
14/05 Adote um Amiguinho Fiel - Centro - Araxá MG
14/05 Amigo não se compra, se adota! - Braúnas - Contagem MG
15/05 Adote um Amiguinho Fiel - Urciano Lemos - Araxá MG
Paraná
14/05 Feira de Adoção Permanente da Soc. Prot. dos Animais de Campo Largo - Centro - Campo Largo PR
14/05 Feira de Adoção - Fazendinha - Curitiba PR
Rio de Janeiro
12/05 Adotar é o Bicho! SEPDA - Catete - Rio de Janeiro RJ
14/05 Doação de Cães e Gatos Grupo Voluntário Ajuda Bicho - Quitandinha - Petrópolis RJ
14/05 Adote um Bichinho e Salve uma Vida - Tijuca - Rio de Janeiro RJ
14/05 Campanha de Adoção do SOS VIDA ANIMAL - Copacabana/Bairro Peixoto - Rio de Janeiro RJ
14/05 10ª Campanha de Adoção do G.A.R.R.A. - Lagoa - Rio de Janeiro RJ
15/05 Feira de Adoção AMA ANIMAL - Lagoa Rodrigo de Freitas - Rio de Janeiro RJ
Rio Grande do Sul
14/05 Feira de Adoção de Cães Adultos e Filhotes - Ipanema - Porto Alegre RS
14/05 Feira de Adoção de Cães e Gatos do CAPA - Lucas Araújo - Passo Fundo RS
15/05 Feira Permanente de Adoção de Cães & Gatos Melhor Amigo - Centro - Pelotas RS
Santa Catarina
14/05 Feirinha de Adoção Guapecas - Glória - Joinville SC
São Paulo
Grande SP
14/05 Feira de Adoção União SRD 2011 - Pompéia - São Paulo SP
14/05 Feira de Adoção Toca dos Gatinhos - Consolação - São Paulo SP
14/05 Feira de Doação de Cães e Gatos - Higienópolis - São Paulo SP
14/05 Feira da Adoção Cão Sem Dono - Centro - Poá SP
14/05 Feira de Adoção - Alphaville - Barueri SP
14/05 - 15/05 Feira de Adoção dos Amigos dos Bichos - Ipiranga - São Paulo SP
14/05 - 15/05 Feira de Adoção APAA - Santo Amaro - São Paulo SP
14/05 - 15/05 Feira Permanente de Doação de Cães e Gatos - Ipiranga - São Paulo SP
15/05 Feira de Adoção Natureza em Forma Matilha Cultural - Consolação - São Paulo SP
Interior
14/05 Feirinha de Adoção - SOS Animais Abandonados - Jd. Servilha - Jundiaí SP
14/05 Centro de Adoção de Cães e Gatos - Vista Verde - S. J. dos Campos SP
14/05 Centro de Adoção de Cães e Gatos do CAV - Jd. Alvorada - S. J. dos Campos SP
14/05 Me Leva Pra Casa G1 - Jardim Nilópolis - Campinas SP
14/05 Me Leva Pra Casa G2 - Jardim Aurélia - Campinas SP
14/05 Feira de Adoção - Centro - Jacareí SP
14/05 Feira de Adoção Gapa - Centro - Indaiatuba SP
14/05 Feira de Adoção de Animais - Jd. Maria Augusta - Taubaté SP
15/05 Feira de Adoção AAAC /Adotar é tudo de bom - Taquaral - Campinas SP
http://www.olharanimal.net/
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34 eventos de adoção de cães e gatos (até 15 de maio)
O Olhar Animal publica semanalmente uma relação de eventos de adoção que ocorrem em vários pontos do país. Adote! Divulgue!
Distrito Federal
14/05 Feira de Adoção SVPI - Asa Norte - Brasília DF
Minas Gerais
14/05 Adote um Amiguinho Fiel - Centro - Araxá MG
14/05 Amigo não se compra, se adota! - Braúnas - Contagem MG
15/05 Adote um Amiguinho Fiel - Urciano Lemos - Araxá MG
Paraná
14/05 Feira de Adoção Permanente da Soc. Prot. dos Animais de Campo Largo - Centro - Campo Largo PR
14/05 Feira de Adoção - Fazendinha - Curitiba PR
Rio de Janeiro
12/05 Adotar é o Bicho! SEPDA - Catete - Rio de Janeiro RJ
14/05 Doação de Cães e Gatos Grupo Voluntário Ajuda Bicho - Quitandinha - Petrópolis RJ
14/05 Adote um Bichinho e Salve uma Vida - Tijuca - Rio de Janeiro RJ
14/05 Campanha de Adoção do SOS VIDA ANIMAL - Copacabana/Bairro Peixoto - Rio de Janeiro RJ
14/05 10ª Campanha de Adoção do G.A.R.R.A. - Lagoa - Rio de Janeiro RJ
15/05 Feira de Adoção AMA ANIMAL - Lagoa Rodrigo de Freitas - Rio de Janeiro RJ
Rio Grande do Sul
14/05 Feira de Adoção de Cães Adultos e Filhotes - Ipanema - Porto Alegre RS
14/05 Feira de Adoção de Cães e Gatos do CAPA - Lucas Araújo - Passo Fundo RS
15/05 Feira Permanente de Adoção de Cães & Gatos Melhor Amigo - Centro - Pelotas RS
Santa Catarina
14/05 Feirinha de Adoção Guapecas - Glória - Joinville SC
São Paulo
Grande SP
14/05 Feira de Adoção União SRD 2011 - Pompéia - São Paulo SP
14/05 Feira de Adoção Toca dos Gatinhos - Consolação - São Paulo SP
14/05 Feira de Doação de Cães e Gatos - Higienópolis - São Paulo SP
14/05 Feira da Adoção Cão Sem Dono - Centro - Poá SP
14/05 Feira de Adoção - Alphaville - Barueri SP
14/05 - 15/05 Feira de Adoção dos Amigos dos Bichos - Ipiranga - São Paulo SP
14/05 - 15/05 Feira de Adoção APAA - Santo Amaro - São Paulo SP
14/05 - 15/05 Feira Permanente de Doação de Cães e Gatos - Ipiranga - São Paulo SP
15/05 Feira de Adoção Natureza em Forma Matilha Cultural - Consolação - São Paulo SP
Interior
14/05 Feirinha de Adoção - SOS Animais Abandonados - Jd. Servilha - Jundiaí SP
14/05 Centro de Adoção de Cães e Gatos - Vista Verde - S. J. dos Campos SP
14/05 Centro de Adoção de Cães e Gatos do CAV - Jd. Alvorada - S. J. dos Campos SP
14/05 Me Leva Pra Casa G1 - Jardim Nilópolis - Campinas SP
14/05 Me Leva Pra Casa G2 - Jardim Aurélia - Campinas SP
14/05 Feira de Adoção - Centro - Jacareí SP
14/05 Feira de Adoção Gapa - Centro - Indaiatuba SP
14/05 Feira de Adoção de Animais - Jd. Maria Augusta - Taubaté SP
15/05 Feira de Adoção AAAC /Adotar é tudo de bom - Taquaral - Campinas SP
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domingo, 8 de maio de 2011
Campanha de castração/Dra Amelia Oliveira SP
Vamos realizar mais uma campanha de castração com valores reduzidosserá no dia 29 de maio de 2011 - DOMINGO
Rua Marcos Portugal, 224 - Ipiranga
fones: 5062-8522 ou 2592 -2645
horario para agendamento das 9:00 as 17:00
valores:
cadelas até 20 kg R$ 70,00, e acima de 20 kg R$ 120,00
cachorros até 20 kg R$ 60,00 e acima de 20 kg 100,00
gatos ou gatas R$ 50,00
- jejum de 6 horas - água e comida;
- trazer um pouco de jornal e um cobertor, pois os aniamis sentem frio após a cirurgia;
- é obrigatorio o uso de colar ( balde) ou roupa cirugica, para evitar inflamações e que o animal arranque os pontos.
- tanto o balde como a roupa estarão a venda na clincia
- pagamento somente em dinheiro, não aceitamos cheques, para pagamento com cartão de debito ou credito, serão praticados os valors normais da clincia;
- os responsaveis pelos animais deverão ser maiores de 18 anos, e deverão permanecer na clinica até a liberação dos mesmos;
- trazer os gatos em caixas de transporte adequados, ou sacos de rafia ( sacos de cebola );
- os cães deverão vir presos em coleiras e guias, se for agressivo, vir com focinheira.
Rua Marcos Portugal, 224 - Ipiranga
fones: 5062-8522 ou 2592 -2645
horario para agendamento das 9:00 as 17:00
valores:
cadelas até 20 kg R$ 70,00, e acima de 20 kg R$ 120,00
cachorros até 20 kg R$ 60,00 e acima de 20 kg 100,00
gatos ou gatas R$ 50,00
- jejum de 6 horas - água e comida;
- trazer um pouco de jornal e um cobertor, pois os aniamis sentem frio após a cirurgia;
- é obrigatorio o uso de colar ( balde) ou roupa cirugica, para evitar inflamações e que o animal arranque os pontos.
- tanto o balde como a roupa estarão a venda na clincia
- pagamento somente em dinheiro, não aceitamos cheques, para pagamento com cartão de debito ou credito, serão praticados os valors normais da clincia;
- os responsaveis pelos animais deverão ser maiores de 18 anos, e deverão permanecer na clinica até a liberação dos mesmos;
- trazer os gatos em caixas de transporte adequados, ou sacos de rafia ( sacos de cebola );
- os cães deverão vir presos em coleiras e guias, se for agressivo, vir com focinheira.
Projeto veta expor animal em eventos na cidade de SP
Projeto veta expor animal em eventos na cidade de SP por José Benedito da Silva, da Folha.com A Câmara de São Paulo aprovou ontem, em primeira votação, projeto de lei que proíbe a exibição de animais em estabelecimentos comerciais e eventos, inclusive espetáculos culturais. O projeto, do vereador Roberto Tripoli (PV), líder do prefeito Gilberto Kassab, precisa passar por uma nova votação e ser sancionado pelo Executivo para se tornar lei. O veto vale para animais “domésticos, domesticados, silvestres nativos e exóticos” que também não poderão servir de brinde ou prêmio. As exceções são feiras de adoção, exibições das forças de segurança, como a polícia, e exposições de criadores (legalizados) de animais. Também estão de fora zoológicos, parques, aquários e lojas de animais - nesse caso, ficam proibidas “exibições performáticas e acomodação em vitrines e recintos similares”. Tripoli propõe lei proibindo o uso de animais em mostras, shows, eventos promocionais e sorteios |
Qui, 28 de Outubro de 2010 - Texto: Regina Macedo / jornalista ambiental | |
O vereador Roberto Tripoli (PV-SP) apresentou projeto de lei proibindo o uso de animais em exposições, shows, mostras e outros eventos na cidade de São Paulo. A proposta ainda veda a entrega de animais como brindes ou em sorteios e concursos e o uso decorativo em estabelecimentos diversos. As regras valem para domésticos, domesticados, silvestres nativos e exóticos. Foto: Paulo Celestino O PL 477/10 já está tramitando e começa a receber apoios de defensores de animais de todo o País. Tripoli afirma que os abusos envolvendo animais, em atividades voltadas ao deleite ou diversão dos humanos, passaram dos limites. “Imagina, lutamos por semanas para conseguir tirar os urubus da Bienal, e as aves estavam numa situação evidentemente inadequada, sem luz solar, submetidas a intenso barulho, num nível de estresse absurdo”, lembra Tripoli. “Obviamente, ninguém deveria sequer ter pensado na hipótese de usar os urubus, mas se ainda existe quem considere normal fazer isso, é meu papel como legislador proibir, respeitando inclusive os segmentos da sociedade que importam-se com a vida animal e rechaçam maus-tratos e abusos”, afirma o parlamentar ambientalista. JUIZ FALA EM PRECAUÇÃO Como se recorda, em uma instalação dita de arte, na 29ª Bienal de São Paulo, três urubus-de-cabeça-amarela eram mantidos num recinto escuro, com excesso de ruído, absolutamente estressados, com visitação intensa e diária até 22 horas. Depois de protestos de defensores dos animais e intervenções do parlamentar, o Ibama cassou a licença de exibição dos animais. Foto: Regina Macedo A Bienal recorreu à Justiça, em nome da liberdade de expressão artística. “O juiz federal Eurico Zecchin Maiolino negou o pedido, citando a prevalência do interesse público sobre o privado e fazendo valer o princípio da precaução, um dos pilares do Direito Ambiental. E estes são também os fundamentos que embasam o projeto de lei”, observa Tripoli. O projeto do vereador Tripoli contou com a colaboração de técnicos de ONGs da área ambiental, como as médicas veterinárias especialistas em animais silvestres Cristina Harumi, Coordenadora de Fauna da Mata Ciliar, e Ângela Branco, coordenadora Técnica da Pró-Animal. Também assessoraram a elaboração do PL, os advogados Carlos Cipro, assessor técnico do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, e Vanice Orlandi, presidente da UIPA – União Internacional Protetora dos Animais. (Texto: Regina Macedo / jornalista ambiental) |
Pelo Fim do Animal-Propriedade - entrevista com David Pearce
Pelo fim do animal-propriedade
BY ADMIN - 0 3 DE MAIO DE 2011
Filósofo diz que impedir sofrimento de seres sensíveis é imperativo moral
e julga que seremos capazes de eliminar crueldades impostas aos animais
quando deixarmos de equipará-los a coisas
Por Letícia Freire no IHU On-Line
Uma eterna Treblinka. Assim é a vida dos animais criados para alimentar as pessoas, dispara o filósofo britânico David Pearce. “Suspeito que nossos descendentes venham a considerar o modo como seus ancestrais trataram membros de outras espécies não apenas como não ético, mas como um crime no mesmo nível do Holocausto”, afirmou na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line.
Em seu ponto de vista, não é preciso que o ente seja inteligente para sofrer profunda aflição: “uma convergência de indícios evolutivos, comportamentais, genéticos e neurocientíficos sugere que os animais não humanos que exploramos e matamos sofrem intensamente – da mesma maneira como ‘nós’”. Assim, é necessário desenvolver um “senso mais inclusivo e solidário de ‘nós’ que abranja todos os seres sencientes”. E completa: “as limitações intelectuais de animais não humanos são uma razão para lhes dar maior cuidado e proteção, não para explorá-los”.
Pearce questiona, também, sobre o sentido ético de consumir carne: “o prazer que muitos consumidores têm ao comer carne de animais mortos tem moralmente mais peso do que o sofrimento embutido em sua produção?” Uma de suas ideias é a produção de carne in vitro, alimentação “isenta de crueldade” que daria um passo importante para o desenvolvimento da civilização. “Os maiores obstáculos a um mundo sem sofrimento serão éticos e ideológicos, não técnicos”, emenda.
David Pearce é filósofo e pesquisador inglês, representante do chamado “utilitarismo negativo” em ética. Destacou-se em 1995, ao escrever um manifesto online nomeado The hedonistic imperative, no qual defendeu a utilização de biotecnologias para abolir o sofrimento em toda a vida senciente. Os principais escritos de David Pearce baseiam-se na ideia de que há um forte imperativo moral que impele os seres humanos a abolirem o sofrimento em toda a vida senciente. Em 1988, com Nick Bostrom, fundou a Associação Mundial Transumanista.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Em que aspectos o abolicionismo e o veganismo são importantes na construção de uma sociedade mais ética e solidária em nossos dias?
David Pearce - Tomemos um exemplo concreto: um porco. Um porco tem a capacidade intelectual – e, criticamente, a capacidade de sofrer – de uma criança pequena de 1 a 3 anos. Nós reconhecemos que as crianças pequenas têm direito a amor e cuidado. Em contraposição a isso, criamos intensivamente em confinamento e matamos milhões de porcos usando métodos que acarretariam uma sentença de prisão perpétua se nossas vítimas fossem humanas.
É claro que um porco não é um membro de “nossa” espécie. Mas a questão não é se existem diferenças genéticas entre membros de raças ou espécies diferentes, mas se essas diferenças são moralmente relevantes. Diferentemente dos humanos, os animais não humanos carecem da estrutura neocortical que possibilita o uso da linguagem. Entretanto, por que esse módulo funcional haveria de conferir alguma espécie de status moral singular a seu proprietário? Deveriam os surdos-mudos humanos ser tratados da forma como tratamos os “animais irracionais”? Intuitivamente, nós imaginamos que os seres humanos sejam “mais conscientes” do que os não humanos que exploramos. Isto é porque a maioria dos adultos humanos são mais inteligentes do que a maioria dos animais não humanos. Mas existe qualquer prova dessa ligação entre destreza intelectual e intensidade de consciência? O que é notável é como as mais “primitivas” experiências pelas quais passamos – por exemplo, a agonia pura ou o pânico cego – são também as mais intensas, ao passo que as mais cerebrais – por exemplo, a geração de linguagem ou a demonstração de teoremas matemáticos – são fenomenologicamente tão tênues que quase não são acessíveis à introspecção.
Em suma, não é necessário ser inteligente para passar por profunda aflição. Uma convergência de indícios evolutivos, comportamentais, genéticos e neurocientíficos sugere que os animais não humanos que exploramos e matamos sofrem intensamente – da mesma maneira como “nós”. Portanto, o que se faz necessário, em minha opinião, é um senso mais inclusivo e solidário de “nós” que abranja todos os seres sencientes.
Abolicionistas e veganos
Um consumidor de carne poderia responder que nós deveríamos valorizar uma criança pequena mais do que um animal não humano funcionalmente equivalente porque a criança humana tem o “potencial” de se tornar um ser humano adulto intelectualmente maduro. Mas este argumento simplesmente não funciona, pois nós reconhecemos que uma criança com uma doença progressiva que nunca completará 3 anos é digna de amor e respeito da mesma forma que as crianças que estão se desenvolvendo normalmente. Dentro da mesma lógica, as limitações intelectuais de animais não humanos são uma razão para lhes dar maior cuidado e proteção, não para explorá-los.
Talvez uma observação terminológica seja útil neste ponto. O termo “vegano” está bastante bem definido. Um vegano é um vegetariano rigoroso que não consome produtos de origem animal. Em contraposição a ele, o termo “abolicionista” tem sentidos múltiplos. Dois deles são relevantes neste contexto. Um sentido se deriva da bioética: os abolicionistas creem que deveríamos usar a biotecnologia para eliminar progressivamente todas as formas de sofrimento, tanto humano quanto não humano. O segundo sentido se deriva dos textos do jurista americano Gary Francione. Francione sustenta que os animais não humanos só precisam de um direito, a saber, o direito de não ser considerados propriedade. Por conseguinte, deveríamos abolir o status dos animais não humanos como propriedade. Bem, certamente é viável ser abolicionista em ambos os sentidos. Mas eles refletem perspectivas diferentes: é possível ser abolicionista num sentido, e não no outro.
IHU On-Line – Por que não deveríamos comer produtos de origem animal?
David Pearce – Atualmente, milhões de pessoas no mundo desfrutam de um estilo de vida vegano isento de crueldade. As tradições culturais do subcontinente indiano são em grande parte veganas. Uma minoria pequena mas crescente de pessoas no mundo ocidental também adotaram um estilo de vida vegano isento de crueldade. Comer, ou não, produtos de origem animal é, em última análise, uma questão de opção. Abrir mão de alimentos de origem animal não exige um sacrifício pessoal heroico, mas meramente uma branda inconveniência pessoal.
Na verdade, se a pessoa se der o trabalho de explorar a culinária vegana, verá que há uma variedade imensa de pratos entre os quais se podem escolher. Afinal, há literalmente milhares de vegetais ou verduras diferentes, mas apenas alguns poucos tipos de carne. Então, em termos éticos, acho que temos de perguntar o seguinte: o prazer que muitos consumidores têm ao comer carne de animais mortos tem moralmente mais peso do que o sofrimento embutido em sua produção? Podemos alguma vez justificar a “posse” de outro ser senciente – quer humano, quer não humano? Segundo que direito?
Não vou tentar me confrontar aqui com os amoralistas ou os niilistas morais. Os niilistas morais sustentam que todos os juízos de valor são puramente subjetivos, isto é, nem verdadeiros, nem falsos. Mas até mesmo eles normalmente deploram o abuso de crianças. Na medida em que o abuso de crianças é moralmente errado, é arbitrário negar que o abuso de criaturas funcionalmente equivalentes também seja moralmente errado.
IHU On-Line – Quais são os diferentes desafios dessas duas correntes hoje, frente à indústria da carne e as plantações massivas de soja e milho, cultivadas para alimentar o gado?
David Pearce – Talvez o desafio mais desanimador seja a apatia moral. George Bernard Shaw observou sagazmente que “o costume reconcilia as pessoas com qualquer atrocidade”. Infelizmente, essa observação não é menos verdade hoje em dia. Se pressionadas, muitas pessoas – talvez a maioria das pessoas – reconhecerão que a criação intensiva de animais em confinamento é cruel. Mas, na maior parte, depois elas vão encolher os ombros e continuar a consumir carne e produtos de origem animal como antes. Outros consumidores de carne parecem imaginar que a criação intensiva de animais em confinamento é apenas um pouco superlotada e que o “gado” é sacrificado sem dor, como um animal de estimação doente que sofre a eutanásia nas mãos de um veterinário gentil. Poucos e poucas de nós jamais estiveram dentro de um matadouro.
Nem todos os consumidores de carne estão tão pouco dispostos a se envolver com argumentos morais. Alguns intelectuais consumidores de carne tentam racionalizar o egoísmo com a chamada Lógica da Despensa. A Lógica da Despensa é o argumento de que, se os animais não humanos não fossem criados em escala industrial para nosso consumo, eles não existiriam – o que se pressupõe, neste caso, é que a vida na criação intensiva em confinamento vale ao menos minimamente a pena viver. Assim, em algum sentido, nossas vítimas estão, sem querer, em dívida conosco. Assim como é formulado, esse argumento justificaria que se criassem bebês para consumo humano, e não apenas animais não humanos. Por analogia, o argumento também permitiria a escravidão humana, ao menos se os escravos fossem criados para essa finalidade. Mais relevante, porém, é que os animais criados intensivamente em confinamento passam quase toda a sua vida abaixo do “zero hedônico”. Em muitas casos, a aflição deles é tão desesperada que precisam ser impedidos de se automutilar. A crença de que os seres humanos estejam fazendo alguma espécie de favor aos animais criados em escala industrial exige uma extraordinária capacidade de enganar a si mesmo.
Sofrimento institucionalizado
Vale a pena enfatizar que a miséria suportada por animais criados intensivamente em confinamento é sofrimento institucionalizado, e não apenas um “abuso” isolado. As empresas da “indústria” da carne têm uma obrigação jurídica de maximizar os lucros dos acionistas. Mesmo que essas empresas quisessem tratar os animais cativos menos insensivelmente, essas reformas seriam contrárias à lei se as medidas de bem-estar diminuíssem o retorno para os acionistas, uma vez que o custo tiraria as firmas “ineficientes” do mercado.
IHU On-Line – O que se pode fazer, então?
David Pearce – Bem, creio que uma estratégia de mão dupla é vital. Por um lado, precisamos usar argumentos morais e campanhas políticas para conscientizar as pessoas da difícil situação dos animais não humanos. Muitos consumidores de carne ficam genuinamente chocados quando veem vídeos saídos clandestinamente de criadouros industriais de animais ou matadouros que mostram o que realmente acontece lá. “Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos nós seríamos vegetarianos”, disse Paul McCartney. Talvez não, mas o processo de conversão certamente se aceleraria.
O que é mais controvertido, entretanto, é minha opinião de que nós precisamos de uma opção de reserva para usar quando a persuasão moral fracassa: tecnologia de produção de carne in vitro. O desenvolvimento de carne deliciosa, produzida artificialmente sem uso de crueldade, de um gosto e uma textura que sejam indistinguíveis da carne produzida a partir de animais intactos será potencialmente escalável, sadia e barata. A primeira conferência mundial sobre produção de carne in vitro foi realizada em Oslo, na Noruega, em 2008. Eu urgiria todo o mundo a apoiar a New Harvest, a organização sem fins lucrativos que está trabalhando para desenvolver carne produzida em laboratório.
Poder-se-ia supor que a maioria dos consumidores jamais venha a comer um produto tão “não natural” quando a carne produzida artificialmente chegar ao mercado. Mas um momento de reflexão sobre as condições não sadias e não naturais dos animais criados intensivamente em confinamento mostra que o argumento do “desagrado” não pesa muito. Na verdade, nosso sentimento de repugnância pode até atuar a favor dos produtos isentos de crueldade em lugar dos animais abatidos. Se os consumidores soubessem o que entra atualmente em produtos de carne e frango – os úberes das vacas com mastite e tumores que caem dentro do leite, os porcos com tumores que entram diretamente no moedor, a gripe suína (H1N1), o hormônio de crescimento de bovinos, toneladas de antibióticos que diminuem a resistência humana, contaminação desenfreada com E. coli, etc. –, não iriam querer comprá-los a preço nenhum. É preciso admitir que com a tecnologia atual só conseguimos produzir carne in vitro com uma qualidade semelhante à carne moída; mas no futuro deveria ser possível produzir em massa bifes de primeira qualidade. A maior incerteza são as escalas de tempo.
Treblinka animal
Sei que muitos militantes em defesa dos animais não se sentem à vontade com a perspectiva da produção de carne in vitro. Eu também me sinto assim. Será que a clareza moral total não seria melhor? Se vejo um açougue ou carne de qualquer espécie, penso em Auschwitz. Ainda assim, muitos consumidores de carne sentem água na boca ao ver carne de animal morto e afirmam que jamais poderiam abrir mão dela.
Do ponto de vista nutricional, isso não faz sentido, mas acho que temos de aceitar o desenvolvimento de carne artificial porque sua fabricação e comercialização em massa possibilitará que as pessoas moralmente apáticas também tenham uma alimentação isenta de crueldade. Quando a maioria da população mundial tiver feito a transição para uma alimentação vegana ou com carne produzida in vitro, prevejo que criar outros seres sencientes para o consumo humano será tornado ilegal sob o direito internacional – assim como é o caso da escravidão humana atualmente. É claro que prever os valores de gerações futuras é algo que contém muitas armadilhas. Mas suspeito que nossos descendentes venham a considerar o modo como seus ancestrais trataram membros de outras espécies não apenas como não ético, mas como um crime no mesmo nível do Holocausto. Como observa o autor judeu Isaac Bashevis Singer, ganhador do Prêmio Nobel, em The Letter Writer (1968): “Em relação aos animais, todas as pessoas são nazistas; para os animais, há um eterno Treblinka.”
IHU On-Line – Em que medida a prática do veganismo e o abolicionismo demonstra preocupação com a alteridade e com a saúde do Planeta Terra em sentido mais amplo?
David Pearce - Tanto um estilo de vida vegano quanto um compromisso com o projeto abolicionista em sentido mais amplo certamente podem expressar uma reverência pela vida na Terra. Ahimsa, que significa não causar dano (literalmente: evitar a violência – himsa) é uma característica importante das religiões do subcontinente indiano, particularmente do budismo, do hinduísmo e em especial do jainismo.
A abolição do consumo de carne vermelha também reduziria os gases emitidos por vacas, ovelhas e cabras que contribuem para o aquecimento global – uma das principais ameaças planetárias com que nos defrontamos nesse século e além dele. Mas a prática do veganismo também pode expressar um ódio puramente secular à crueldade e ao sofrimento. Um ateu cuja vida interior seja um deserto espiritual pode assumir um compromisso com o bem-estar de toda a senciência também. Para ter êxito, precisaremos construir a mais ampla coalizão possível de ativistas e simpatizantes, tanto religiosos quanto seculares.
IHU On-Line – Como podemos compreender o anunciado “pós-humano” no século XXI, quando milhões de pessoas seguem se alimentando de carne e, portanto, de sofrimento e morte?
David Pearce - A adoção global de uma alimentação isenta de crueldade assinalará uma importante transição evolutiva no desenvolvimento da civilização. Talvez a transição leve séculos. Por outro lado, é possível que uma combinação da militância em favor dos animais e do desenvolvimento de tecnologia de produção de carne in vitro produza a revolução alimentar no mundo todo dentro de décadas. Mas tornar-se pós-humano tem um alcance maior do que adotar pessoalmente um estilo de vida isento de crueldade.
Os animais que vivem livremente, “selvagens”, muitas vezes também sofrem terrivelmente – através de fome, sede, doença e predação. A vida darwiniana na Terra está baseada na exploração – basicamente, em que criaturas vivas devorem umas às outras. A “cadeia alimentar” poderia parecer um fato perene da Natureza, no mesmo nível da Segunda Lei da Termodinâmica. Isto tem sido verdade ao longo de centenas de milhões de anos.
Entretanto, uma reação fatalista à “Natureza vermelha [de sangue] em seus dentes e garras” [alusão ao famoso poema “In Memoriam A. H. H.” de Alfred Tennyson] subestima o inaudito poder transformador da ciência moderna em relação ao mundo vivo. Agora deciframos o código genético, a biotecnologia nos permite potencialmente reescrever o genoma dos vertebrados, reprojetar o ecossistema global, regular a fertilidade da espécie toda por meio da imunocontracepção e, em última análise, abolir o sofrimento em todo o mundo vivo.
Neste momento, essa espécie de cenário parece fantasiosa, para não dizer ecologicamente analfabeta. Mas esse projeto será tecnicamente viável no decorrer deste século. Os maiores obstáculos a um mundo sem sofrimento serão éticos e ideológicos, não técnicos.
IHU On-Line – Em que aspectos o veganismo e o abolicionismo destronam a condição antropocêntrica do homem?
David Pearce - A tradição judaico-cristã – e, na verdade, todas as religiões abraâmicas – situa o Homem no centro do universo. É difícil reconciliar esta concepção da humanidade com a teoria da evolução por seleção natural e a síntese neodarwiniana. Mas suponhamos que Deus exista. Todas as tradições concordam que o Deus todo-poderoso é infinitamente compassivo. Se reles mortais conseguem visionar o bem-estar de toda a senciência, deveríamos supor que Deus seja mais limitado na amplitude ou profundeza de Sua compaixão? Essa limitação da benevolência de Deus não parece coerente. Lembre-se também de que o livro de Isaíasprediz que um dia o leão e o cordeiro se deitarão lado a lado. Bem, a engenhosidade humana pode fazer assim – só que não apenas pela oração. Um mundo livre de crueldade só pode surgir pelo uso compassivo da biotecnologia: reengenharia genética obrigatória para carnívoros e outros predadores; controle da fertilidade transespécies, implantes de neurochips, vigilância e rastreamento por GPS, nanorrobôs em ecossistemas marinhos e toda uma gama de intervenções técnicas que estão além da imaginação pré-científica.
IHU On-Line – Como o veganismo pode apoiar uma mudança da forma como as pessoas comem e, também, diminuir a fome no mundo?
David Pearce - Uma transição global para uma alimentação vegana isenta de crueldade não irá ajudar apenas os animais não humanos. A transição também ajudará humanos subnutridos que poderiam se beneficiar dos cereais que atualmente são destinados aos animais criados em escala industrial. Ocorre que a criação intensiva em confinamento não é só cruel, mas também energeticamente ineficiente. Tomemos apenas um exemplo. Ao longo das últimas décadas, milhões de etíopes morreram de “escassez de alimentos”, enquanto a Etiópia plantava cereais para vender ao Ocidente para alimentar o gado. Os hábitos de consumo de carne do Ocidente sustentam o preço dos cereais, de modo que os pobres nos países em desenvolvimento não têm condições de comprá-los. Em consequência disso, eles morrem aos milhões. Em meu trabalho, eu exploro soluções futurísticas, de alta tecnologia para o problema do sofrimento. Mas qualquer pessoa que queira seriamente reduzir o sofrimento tanto humano quanto não humano deveria adotar um estilo de vida vegano isento de crueldade hoje.
http://ponto.outraspalavras.net/2011/05/03/criacao-animal-intensiva-um-outro-holocausto/
BY ADMIN - 0 3 DE MAIO DE 2011
Filósofo diz que impedir sofrimento de seres sensíveis é imperativo moral
e julga que seremos capazes de eliminar crueldades impostas aos animais
quando deixarmos de equipará-los a coisas
Por Letícia Freire no IHU On-Line
Uma eterna Treblinka. Assim é a vida dos animais criados para alimentar as pessoas, dispara o filósofo britânico David Pearce. “Suspeito que nossos descendentes venham a considerar o modo como seus ancestrais trataram membros de outras espécies não apenas como não ético, mas como um crime no mesmo nível do Holocausto”, afirmou na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line.
Em seu ponto de vista, não é preciso que o ente seja inteligente para sofrer profunda aflição: “uma convergência de indícios evolutivos, comportamentais, genéticos e neurocientíficos sugere que os animais não humanos que exploramos e matamos sofrem intensamente – da mesma maneira como ‘nós’”. Assim, é necessário desenvolver um “senso mais inclusivo e solidário de ‘nós’ que abranja todos os seres sencientes”. E completa: “as limitações intelectuais de animais não humanos são uma razão para lhes dar maior cuidado e proteção, não para explorá-los”.
Pearce questiona, também, sobre o sentido ético de consumir carne: “o prazer que muitos consumidores têm ao comer carne de animais mortos tem moralmente mais peso do que o sofrimento embutido em sua produção?” Uma de suas ideias é a produção de carne in vitro, alimentação “isenta de crueldade” que daria um passo importante para o desenvolvimento da civilização. “Os maiores obstáculos a um mundo sem sofrimento serão éticos e ideológicos, não técnicos”, emenda.
David Pearce é filósofo e pesquisador inglês, representante do chamado “utilitarismo negativo” em ética. Destacou-se em 1995, ao escrever um manifesto online nomeado The hedonistic imperative, no qual defendeu a utilização de biotecnologias para abolir o sofrimento em toda a vida senciente. Os principais escritos de David Pearce baseiam-se na ideia de que há um forte imperativo moral que impele os seres humanos a abolirem o sofrimento em toda a vida senciente. Em 1988, com Nick Bostrom, fundou a Associação Mundial Transumanista.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Em que aspectos o abolicionismo e o veganismo são importantes na construção de uma sociedade mais ética e solidária em nossos dias?
David Pearce - Tomemos um exemplo concreto: um porco. Um porco tem a capacidade intelectual – e, criticamente, a capacidade de sofrer – de uma criança pequena de 1 a 3 anos. Nós reconhecemos que as crianças pequenas têm direito a amor e cuidado. Em contraposição a isso, criamos intensivamente em confinamento e matamos milhões de porcos usando métodos que acarretariam uma sentença de prisão perpétua se nossas vítimas fossem humanas.
É claro que um porco não é um membro de “nossa” espécie. Mas a questão não é se existem diferenças genéticas entre membros de raças ou espécies diferentes, mas se essas diferenças são moralmente relevantes. Diferentemente dos humanos, os animais não humanos carecem da estrutura neocortical que possibilita o uso da linguagem. Entretanto, por que esse módulo funcional haveria de conferir alguma espécie de status moral singular a seu proprietário? Deveriam os surdos-mudos humanos ser tratados da forma como tratamos os “animais irracionais”? Intuitivamente, nós imaginamos que os seres humanos sejam “mais conscientes” do que os não humanos que exploramos. Isto é porque a maioria dos adultos humanos são mais inteligentes do que a maioria dos animais não humanos. Mas existe qualquer prova dessa ligação entre destreza intelectual e intensidade de consciência? O que é notável é como as mais “primitivas” experiências pelas quais passamos – por exemplo, a agonia pura ou o pânico cego – são também as mais intensas, ao passo que as mais cerebrais – por exemplo, a geração de linguagem ou a demonstração de teoremas matemáticos – são fenomenologicamente tão tênues que quase não são acessíveis à introspecção.
Em suma, não é necessário ser inteligente para passar por profunda aflição. Uma convergência de indícios evolutivos, comportamentais, genéticos e neurocientíficos sugere que os animais não humanos que exploramos e matamos sofrem intensamente – da mesma maneira como “nós”. Portanto, o que se faz necessário, em minha opinião, é um senso mais inclusivo e solidário de “nós” que abranja todos os seres sencientes.
Abolicionistas e veganos
Um consumidor de carne poderia responder que nós deveríamos valorizar uma criança pequena mais do que um animal não humano funcionalmente equivalente porque a criança humana tem o “potencial” de se tornar um ser humano adulto intelectualmente maduro. Mas este argumento simplesmente não funciona, pois nós reconhecemos que uma criança com uma doença progressiva que nunca completará 3 anos é digna de amor e respeito da mesma forma que as crianças que estão se desenvolvendo normalmente. Dentro da mesma lógica, as limitações intelectuais de animais não humanos são uma razão para lhes dar maior cuidado e proteção, não para explorá-los.
Talvez uma observação terminológica seja útil neste ponto. O termo “vegano” está bastante bem definido. Um vegano é um vegetariano rigoroso que não consome produtos de origem animal. Em contraposição a ele, o termo “abolicionista” tem sentidos múltiplos. Dois deles são relevantes neste contexto. Um sentido se deriva da bioética: os abolicionistas creem que deveríamos usar a biotecnologia para eliminar progressivamente todas as formas de sofrimento, tanto humano quanto não humano. O segundo sentido se deriva dos textos do jurista americano Gary Francione. Francione sustenta que os animais não humanos só precisam de um direito, a saber, o direito de não ser considerados propriedade. Por conseguinte, deveríamos abolir o status dos animais não humanos como propriedade. Bem, certamente é viável ser abolicionista em ambos os sentidos. Mas eles refletem perspectivas diferentes: é possível ser abolicionista num sentido, e não no outro.
IHU On-Line – Por que não deveríamos comer produtos de origem animal?
David Pearce – Atualmente, milhões de pessoas no mundo desfrutam de um estilo de vida vegano isento de crueldade. As tradições culturais do subcontinente indiano são em grande parte veganas. Uma minoria pequena mas crescente de pessoas no mundo ocidental também adotaram um estilo de vida vegano isento de crueldade. Comer, ou não, produtos de origem animal é, em última análise, uma questão de opção. Abrir mão de alimentos de origem animal não exige um sacrifício pessoal heroico, mas meramente uma branda inconveniência pessoal.
Na verdade, se a pessoa se der o trabalho de explorar a culinária vegana, verá que há uma variedade imensa de pratos entre os quais se podem escolher. Afinal, há literalmente milhares de vegetais ou verduras diferentes, mas apenas alguns poucos tipos de carne. Então, em termos éticos, acho que temos de perguntar o seguinte: o prazer que muitos consumidores têm ao comer carne de animais mortos tem moralmente mais peso do que o sofrimento embutido em sua produção? Podemos alguma vez justificar a “posse” de outro ser senciente – quer humano, quer não humano? Segundo que direito?
Não vou tentar me confrontar aqui com os amoralistas ou os niilistas morais. Os niilistas morais sustentam que todos os juízos de valor são puramente subjetivos, isto é, nem verdadeiros, nem falsos. Mas até mesmo eles normalmente deploram o abuso de crianças. Na medida em que o abuso de crianças é moralmente errado, é arbitrário negar que o abuso de criaturas funcionalmente equivalentes também seja moralmente errado.
IHU On-Line – Quais são os diferentes desafios dessas duas correntes hoje, frente à indústria da carne e as plantações massivas de soja e milho, cultivadas para alimentar o gado?
David Pearce – Talvez o desafio mais desanimador seja a apatia moral. George Bernard Shaw observou sagazmente que “o costume reconcilia as pessoas com qualquer atrocidade”. Infelizmente, essa observação não é menos verdade hoje em dia. Se pressionadas, muitas pessoas – talvez a maioria das pessoas – reconhecerão que a criação intensiva de animais em confinamento é cruel. Mas, na maior parte, depois elas vão encolher os ombros e continuar a consumir carne e produtos de origem animal como antes. Outros consumidores de carne parecem imaginar que a criação intensiva de animais em confinamento é apenas um pouco superlotada e que o “gado” é sacrificado sem dor, como um animal de estimação doente que sofre a eutanásia nas mãos de um veterinário gentil. Poucos e poucas de nós jamais estiveram dentro de um matadouro.
Nem todos os consumidores de carne estão tão pouco dispostos a se envolver com argumentos morais. Alguns intelectuais consumidores de carne tentam racionalizar o egoísmo com a chamada Lógica da Despensa. A Lógica da Despensa é o argumento de que, se os animais não humanos não fossem criados em escala industrial para nosso consumo, eles não existiriam – o que se pressupõe, neste caso, é que a vida na criação intensiva em confinamento vale ao menos minimamente a pena viver. Assim, em algum sentido, nossas vítimas estão, sem querer, em dívida conosco. Assim como é formulado, esse argumento justificaria que se criassem bebês para consumo humano, e não apenas animais não humanos. Por analogia, o argumento também permitiria a escravidão humana, ao menos se os escravos fossem criados para essa finalidade. Mais relevante, porém, é que os animais criados intensivamente em confinamento passam quase toda a sua vida abaixo do “zero hedônico”. Em muitas casos, a aflição deles é tão desesperada que precisam ser impedidos de se automutilar. A crença de que os seres humanos estejam fazendo alguma espécie de favor aos animais criados em escala industrial exige uma extraordinária capacidade de enganar a si mesmo.
Sofrimento institucionalizado
Vale a pena enfatizar que a miséria suportada por animais criados intensivamente em confinamento é sofrimento institucionalizado, e não apenas um “abuso” isolado. As empresas da “indústria” da carne têm uma obrigação jurídica de maximizar os lucros dos acionistas. Mesmo que essas empresas quisessem tratar os animais cativos menos insensivelmente, essas reformas seriam contrárias à lei se as medidas de bem-estar diminuíssem o retorno para os acionistas, uma vez que o custo tiraria as firmas “ineficientes” do mercado.
IHU On-Line – O que se pode fazer, então?
David Pearce – Bem, creio que uma estratégia de mão dupla é vital. Por um lado, precisamos usar argumentos morais e campanhas políticas para conscientizar as pessoas da difícil situação dos animais não humanos. Muitos consumidores de carne ficam genuinamente chocados quando veem vídeos saídos clandestinamente de criadouros industriais de animais ou matadouros que mostram o que realmente acontece lá. “Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos nós seríamos vegetarianos”, disse Paul McCartney. Talvez não, mas o processo de conversão certamente se aceleraria.
O que é mais controvertido, entretanto, é minha opinião de que nós precisamos de uma opção de reserva para usar quando a persuasão moral fracassa: tecnologia de produção de carne in vitro. O desenvolvimento de carne deliciosa, produzida artificialmente sem uso de crueldade, de um gosto e uma textura que sejam indistinguíveis da carne produzida a partir de animais intactos será potencialmente escalável, sadia e barata. A primeira conferência mundial sobre produção de carne in vitro foi realizada em Oslo, na Noruega, em 2008. Eu urgiria todo o mundo a apoiar a New Harvest, a organização sem fins lucrativos que está trabalhando para desenvolver carne produzida em laboratório.
Poder-se-ia supor que a maioria dos consumidores jamais venha a comer um produto tão “não natural” quando a carne produzida artificialmente chegar ao mercado. Mas um momento de reflexão sobre as condições não sadias e não naturais dos animais criados intensivamente em confinamento mostra que o argumento do “desagrado” não pesa muito. Na verdade, nosso sentimento de repugnância pode até atuar a favor dos produtos isentos de crueldade em lugar dos animais abatidos. Se os consumidores soubessem o que entra atualmente em produtos de carne e frango – os úberes das vacas com mastite e tumores que caem dentro do leite, os porcos com tumores que entram diretamente no moedor, a gripe suína (H1N1), o hormônio de crescimento de bovinos, toneladas de antibióticos que diminuem a resistência humana, contaminação desenfreada com E. coli, etc. –, não iriam querer comprá-los a preço nenhum. É preciso admitir que com a tecnologia atual só conseguimos produzir carne in vitro com uma qualidade semelhante à carne moída; mas no futuro deveria ser possível produzir em massa bifes de primeira qualidade. A maior incerteza são as escalas de tempo.
Treblinka animal
Sei que muitos militantes em defesa dos animais não se sentem à vontade com a perspectiva da produção de carne in vitro. Eu também me sinto assim. Será que a clareza moral total não seria melhor? Se vejo um açougue ou carne de qualquer espécie, penso em Auschwitz. Ainda assim, muitos consumidores de carne sentem água na boca ao ver carne de animal morto e afirmam que jamais poderiam abrir mão dela.
Do ponto de vista nutricional, isso não faz sentido, mas acho que temos de aceitar o desenvolvimento de carne artificial porque sua fabricação e comercialização em massa possibilitará que as pessoas moralmente apáticas também tenham uma alimentação isenta de crueldade. Quando a maioria da população mundial tiver feito a transição para uma alimentação vegana ou com carne produzida in vitro, prevejo que criar outros seres sencientes para o consumo humano será tornado ilegal sob o direito internacional – assim como é o caso da escravidão humana atualmente. É claro que prever os valores de gerações futuras é algo que contém muitas armadilhas. Mas suspeito que nossos descendentes venham a considerar o modo como seus ancestrais trataram membros de outras espécies não apenas como não ético, mas como um crime no mesmo nível do Holocausto. Como observa o autor judeu Isaac Bashevis Singer, ganhador do Prêmio Nobel, em The Letter Writer (1968): “Em relação aos animais, todas as pessoas são nazistas; para os animais, há um eterno Treblinka.”
IHU On-Line – Em que medida a prática do veganismo e o abolicionismo demonstra preocupação com a alteridade e com a saúde do Planeta Terra em sentido mais amplo?
David Pearce - Tanto um estilo de vida vegano quanto um compromisso com o projeto abolicionista em sentido mais amplo certamente podem expressar uma reverência pela vida na Terra. Ahimsa, que significa não causar dano (literalmente: evitar a violência – himsa) é uma característica importante das religiões do subcontinente indiano, particularmente do budismo, do hinduísmo e em especial do jainismo.
A abolição do consumo de carne vermelha também reduziria os gases emitidos por vacas, ovelhas e cabras que contribuem para o aquecimento global – uma das principais ameaças planetárias com que nos defrontamos nesse século e além dele. Mas a prática do veganismo também pode expressar um ódio puramente secular à crueldade e ao sofrimento. Um ateu cuja vida interior seja um deserto espiritual pode assumir um compromisso com o bem-estar de toda a senciência também. Para ter êxito, precisaremos construir a mais ampla coalizão possível de ativistas e simpatizantes, tanto religiosos quanto seculares.
IHU On-Line – Como podemos compreender o anunciado “pós-humano” no século XXI, quando milhões de pessoas seguem se alimentando de carne e, portanto, de sofrimento e morte?
David Pearce - A adoção global de uma alimentação isenta de crueldade assinalará uma importante transição evolutiva no desenvolvimento da civilização. Talvez a transição leve séculos. Por outro lado, é possível que uma combinação da militância em favor dos animais e do desenvolvimento de tecnologia de produção de carne in vitro produza a revolução alimentar no mundo todo dentro de décadas. Mas tornar-se pós-humano tem um alcance maior do que adotar pessoalmente um estilo de vida isento de crueldade.
Os animais que vivem livremente, “selvagens”, muitas vezes também sofrem terrivelmente – através de fome, sede, doença e predação. A vida darwiniana na Terra está baseada na exploração – basicamente, em que criaturas vivas devorem umas às outras. A “cadeia alimentar” poderia parecer um fato perene da Natureza, no mesmo nível da Segunda Lei da Termodinâmica. Isto tem sido verdade ao longo de centenas de milhões de anos.
Entretanto, uma reação fatalista à “Natureza vermelha [de sangue] em seus dentes e garras” [alusão ao famoso poema “In Memoriam A. H. H.” de Alfred Tennyson] subestima o inaudito poder transformador da ciência moderna em relação ao mundo vivo. Agora deciframos o código genético, a biotecnologia nos permite potencialmente reescrever o genoma dos vertebrados, reprojetar o ecossistema global, regular a fertilidade da espécie toda por meio da imunocontracepção e, em última análise, abolir o sofrimento em todo o mundo vivo.
Neste momento, essa espécie de cenário parece fantasiosa, para não dizer ecologicamente analfabeta. Mas esse projeto será tecnicamente viável no decorrer deste século. Os maiores obstáculos a um mundo sem sofrimento serão éticos e ideológicos, não técnicos.
IHU On-Line – Em que aspectos o veganismo e o abolicionismo destronam a condição antropocêntrica do homem?
David Pearce - A tradição judaico-cristã – e, na verdade, todas as religiões abraâmicas – situa o Homem no centro do universo. É difícil reconciliar esta concepção da humanidade com a teoria da evolução por seleção natural e a síntese neodarwiniana. Mas suponhamos que Deus exista. Todas as tradições concordam que o Deus todo-poderoso é infinitamente compassivo. Se reles mortais conseguem visionar o bem-estar de toda a senciência, deveríamos supor que Deus seja mais limitado na amplitude ou profundeza de Sua compaixão? Essa limitação da benevolência de Deus não parece coerente. Lembre-se também de que o livro de Isaíasprediz que um dia o leão e o cordeiro se deitarão lado a lado. Bem, a engenhosidade humana pode fazer assim – só que não apenas pela oração. Um mundo livre de crueldade só pode surgir pelo uso compassivo da biotecnologia: reengenharia genética obrigatória para carnívoros e outros predadores; controle da fertilidade transespécies, implantes de neurochips, vigilância e rastreamento por GPS, nanorrobôs em ecossistemas marinhos e toda uma gama de intervenções técnicas que estão além da imaginação pré-científica.
IHU On-Line – Como o veganismo pode apoiar uma mudança da forma como as pessoas comem e, também, diminuir a fome no mundo?
David Pearce - Uma transição global para uma alimentação vegana isenta de crueldade não irá ajudar apenas os animais não humanos. A transição também ajudará humanos subnutridos que poderiam se beneficiar dos cereais que atualmente são destinados aos animais criados em escala industrial. Ocorre que a criação intensiva em confinamento não é só cruel, mas também energeticamente ineficiente. Tomemos apenas um exemplo. Ao longo das últimas décadas, milhões de etíopes morreram de “escassez de alimentos”, enquanto a Etiópia plantava cereais para vender ao Ocidente para alimentar o gado. Os hábitos de consumo de carne do Ocidente sustentam o preço dos cereais, de modo que os pobres nos países em desenvolvimento não têm condições de comprá-los. Em consequência disso, eles morrem aos milhões. Em meu trabalho, eu exploro soluções futurísticas, de alta tecnologia para o problema do sofrimento. Mas qualquer pessoa que queira seriamente reduzir o sofrimento tanto humano quanto não humano deveria adotar um estilo de vida vegano isento de crueldade hoje.
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